No final de Outubro de 2013 decidi correr a minha 1ª Maratona, em Sevilha. Ontem corri a mítica distância: 42195m!
Sob orientação do Mestre Eduardo Santos, a preparação decorreu
durante alguns meses de muitos km nas pernas. Valeram-me os grandes
companheiros de treino Luís Santos, Luís Matias e Rui Silva, que me
acompanharam nesta viagem.
hashtag: #querocorreramaratonadesevilha2014 (algumas fotos da preparação)


hashtag: #querocorreramaratonadesevilha2014 (algumas fotos da preparação)




Fui para Sevilha na 6ª feira com a família, pronta para dar todo o apoio nestes últimos momentos. Passeámos um pouco pela cidade no sábado, mas a cabeça estava muito focada na prova. A ansiedade era imensa e impediu que tivesse a noite de sono que tanto desejava. Ainda madrugada escura, dirigimo-nos à partida, cruzando-nos pelas ruas de Sevilha com os últimos resistentes da noite.
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Amanhecer em Sevilha na zona de partida |
A Maratona:
9000 inscritos (900 portugueses)
Na partida, fui inicialmente colocado no separador dos
atletas com tempos previstos de 3h30-3h45. Consegui mudar para o da 3h-3h15
mostrando o certificado da meia dos descobrimentos (1h24’29’’).
Partida às 9h, ao lado do Luís Santos.
Objectivo: terminar bem abaixo da 3h15, se possível abaixo
das 3h.
Estratégia: tentar “encostar” aos 4’15/km (para quem não
sabe, é a média necessária para fazer 3h) e logo se vê... não cair em tentações
de acelerar na fase inicial. Passar à Meia Maratona junto às 1h30. Dar tudo a partir
dos 35km, caso haja forças para isso.
Primeiro km confuso, feito em 4’20.
Balão das 3h à vista... mantenho-me com o Luís na cauda
desse grupo.
Passagem aos 10km em 42’20’’.
15km em 1h03’47’’.
Meia-maratona: 1h29’40’’, tal como planeado.
A partir daqui começaram as dúvidas acerca da capacidade de
manter o mesmo ritmo durante mais uma meia maratona. Começam a surgir algumas
dores e dou por mim a pensar em manter uma passada o mais económica possível.
É também por esta altura que o grupo onde estavamos parece
começar a perder elementos. Mas nós mantinhamo-nos firmes.
Os abastecimentos foram confusos desde o início e nesta
altura comecei a sentir dificuldade em arranjar água em quantidade suficiente,
até porque estava a ficar cada vez mais calor. Por isso, decidimos subir
ligeiramente o ritmo e posicionarmo-nos numa zona com menos atletas. O Luís
entusiasmou-se um bocadinho e chegou a distanciar-se uns 15 metros de mim. Não
me sentia suficientemente bem para subir tanto o ritmo e mantive-me.
Depois dos 30km voltei a juntar-me ao Luís. Se antes dos
21km conversámos muito durante a prova, por esta altura reinava o silêncio, só
“perturbado” pelos gritos constantes dos apoiantes sevilhanos: “ânimo
campeones!!!”
Os abastecimentos continuavam confusos e os 3 geis que levei já lá iam... comecei a pensar que poderia necessitar de algo mais, mas era extremamente difícil conseguir água, quanto mais alimento. Cheguei a ver uma banca com bananas, mas já era tarde... A dada altura vejo alguém com algo na mão que não era liquido e agarrei. Era mais um gel, com sabor a laranja :). Meti-o aos 34km. Desesperei por água a seguir mas, passado um pouco, lá consegui um copo que deu para mim e para um atleta que me pediu, desesperadamente, um pouco.
Os abastecimentos continuavam confusos e os 3 geis que levei já lá iam... comecei a pensar que poderia necessitar de algo mais, mas era extremamente difícil conseguir água, quanto mais alimento. Cheguei a ver uma banca com bananas, mas já era tarde... A dada altura vejo alguém com algo na mão que não era liquido e agarrei. Era mais um gel, com sabor a laranja :). Meti-o aos 34km. Desesperei por água a seguir mas, passado um pouco, lá consegui um copo que deu para mim e para um atleta que me pediu, desesperadamente, um pouco.
Nesta altura deixei de ver o Luís, que ficou um pouco para
trás. Logo a seguir encontrei o Raul Quaresma com quem troquei algumas palavras
e a quem manifestei o receio de bater
numa grande parede mais à frente. Ia já com bastantes dores, principalmente na
coxa esquerda. O Raul simplesmente disse, “não fiques a pensar nisso”, e alguns
metros mais à frente, numa zona onde os apoiantes eram menos eufóricos, dá um
berro impressionante: “ÂNIMO!!”.
Foi a força que precisei para encarar os últimos km com
determinação.
Km a km fui derrotando a distância sem perder o ritmo.
Visualizei-me várias vezes a entrar no estádio Olímpico de
Sevilha e a cortar a meta de braços no ar.
Mas entretanto, o cenário não era bonito... ultrapassei
vários corredores e vi dezenas de pessoas a “cair” agarrados às pernas com dores...
vi pessoas a serem assistidas e transportadas de maca aos 41km... e pensei...
ainda me pode acontecer... mas não aconteceu.
Entrei no tartan cheio de força e fiz a curva na pista 2. Levantei os braços bem antes de cruzar a meta,
sem conseguir ver a família que vibrava na bancada, e quando acabei o meu
garmin marcava 2h59’15’’. Depois chorei... bastante.
Factos:
Tempo oficial: 2h59’31’’
Tempo de chip: 2h59’13’’
Média de 4’15/km
Km mais lento: 41º em 4’23
Km mais rápido: 4º e
22º em 4’07
Classificação ao longo da prova:
10 km - 844º
21 km - 874º
30 km – 737º
35 km - 700º
42,195 km – 600º
Está feita e com alegria!
Se soubesse que no dia seguinte iria sentir as dores que
sinto, poderia ter pensado 2 vezes. Mas fazia tudo na mesma!
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Eu e o Luís S. de rastos mas felizes! |
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Fotos instagram hashtag: #querocorreramaratonadesevilha2014
Fotos do dia da maratona by Susana
Fotos instagram hashtag: #querocorreramaratonadesevilha2014
Fotos do dia da maratona by Susana
Ricardo, fizeste-me reviver a minha única maratona da minha “carreira”. Curiosamente, realizada contra a opinião do ortopedista… com uma pequena (grande) diferença, não alcancei as tão desejadas 2h59 para as quais tanto trabalhei, desejei e pelos resultados anteriores merecia… o que não estava no programa era um dia (6/11/88) de vendaval com chuva, frio e muito vento…
ResponderEliminarAinda assim, não obstante as 3h02 alcançadas por mim, sei bem o que estar a sentir… o cortar a meta na primeira maratona é um sentimento inenarrável… e abaixo das 3h, então… ou se chora, ou se fica com um nó na garganta… e é um registo inesquecível!
Ricardo, estou muito feliz por teres alcançado essa marca, recebe os meus maiores Votos de parabéns! São bem merecidos face ao trabalho realizado! Agora há que recuperar bem, baixar bastante as cargas e, de preferência, não haver precipitações e não desejar o quanto antes bater aquele recorde. Agora há que saborear o mais possível o momento com a família e os amigos, e encarar as próximas provas sob o prisma lúdico!
Um grande e forte Abraço!
Orlando Duarte
Relato encantador de um atleta trabalhador e humilde. Houve justiça no destino. Parabéns. Bravo!
ResponderEliminarFantástico resultado! Parabéns!
ResponderEliminarGrande abraço
Paulo Sousa
És o Maior! Parabéns! Belo relato...
ResponderEliminarBoas Ricardo,
ResponderEliminarTambém já vi esse "filme" uma vez e estou ansioso por o voltar a ver novamente, é realmente uma sensação única.
Completar a distancia deve dar a mesma alegria independentemente do tempo final de cada um, talvez por isso mesmo seja uma prova tão especial.
Como dizes e bem, o resultado final é sempre imprevisível pois só temos a garantia que conseguimos depois de passar a linha de chegada.
Abraço
Manuel Nunes